Saúde |
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por: Valter A. Costa
28/04/2020
A zona leste também é a região com o maior número de mortes de covid-19 na cidade: 1.098 até o dia 24. Depois vem a zona norte, com 612, a zona sul, com 591, a zona oeste, com 210, e o centro, com 127.
Número de mortes por covid-19 aumentou mais na periferia da capital paulista, onde as cores do mapa ficam mais escuras
Para o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, a situação é extremamente preocupante, às vésperas do período em que se espera um aumento significativo nos casos. “É a efetiva ‘periferização’ das mortes de covid-19, revelando toda vulnerabilidade da nossa população e a gravidade do quadro. Na medida em que são pessoas que vivem com piores condições sanitárias, têm estrutura habitacional muito mais frágil para poder fazer o isolamento preventivo ou quando houver casos na própria família. Não têm condições, às vezes, de acesso a produtos de higiene, material de limpeza de roupas, poder separar talheres, roupas de cama, as vezes dormem na mesma cama e, portanto, potencializa o processo de disseminação da doença”.
O médico infectologista e diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo Gerson Salvador também considera que os dados das mortes por covid-19 evidenciam a desigualdade na capital paulista e expõe a falta de assistência à saúde nos bairros pobres.
“A gente está vendo o número de mortos crescendo desproporcionalmente nos bairros mais pobres. Isso reflete uma iniquidade de acesso à saúde. Nas regiões periféricas tem um contingente de pessoas que dependem unicamente do Sistema Único de Saúde. A gente sabe que outras doenças de transmissão respiratória, por exemplo a tuberculose, acometem de maneira desproporcional as pessoas que vivem na rua, em cortiços e em favelas. O risco de transmissão da covid-19 em pessoas que vivem nessas condições vai ser maior. A falta de assistência e as condições de vida acabam resultando num número desproporcional de mortes na população mais pobre”, disse.
A falta de leitos de UTI na periferia foi evidenciada por um levantamento da Rede Nossa São Paulo. Apenas três distritos – Sé, Vila Mariana e Pinheiros – concentram 60% dos leitos de UTI da cidade. Outros sete distritos – Parelheiros, Cidade Ademar e Campo Limpo, na zona sul; Anhanguera e Tremembé, na zona norte; Aricanduva, na zona leste; e Lapa, na zona oeste – não possuem nenhum leito de UTI, mesmo concentrando 20% da população da cidade (2,3 milhões de pessoas).
Outros 16 distritos têm de dois a oito leitos de UTI para cada 100 mil habitantes da região para enfrentar a pandemia de coronavírus. O ideal, segundo a Organização Mundial da Saúde é entre 10 e 30 leitos desse tipo, para cada cem mil habitantes. Os distritos de Parelheiros e Freguesia do Ó poderiam ter uma situação menos complicada, se os hospitais que tiveram a construção iniciada na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), tivessem sido concluídos no prazo por seus sucessores, Doria e Covas.
O Hospital da Brasilândia, região que concentra o maior número de mortes, devia ter ficado pronto em 2017, situação em que teria 305 leitos. Com o atraso, o governo do prefeito Bruno Covas (PSDB) está acelerando obras para ativar 150 leitos de UTI no local, até o final deste mês. No entanto, a previsão do hospital é atender cerca de 2,2 milhões de pessoas na região. Já o Hospital de Parelheiros, que devia ter sido entregue em 2017, foi inaugurado em março de 2018, apenas com o Pronto Socorro em operação. A prefeitura também informou que está acelerando as ações na unidade para ativar 268 leitos de UTI para atender casos de coronavírus no local, até o início de maio.
As informações acima foram retiradas do portal Rede Brasil Atual
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https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2020/04/mortes-por-covid-19-periferia/
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